quarta-feira, 27 de junho de 2012

A coordenadora pedagógica Leila Santana, aluna da FTC ead é entrevistada pela Revista Nova Escola On line. O Papel do Coordenador pedagógico



Coordenador pedagógico também precisa de formação

Além de aumentar a oferta de formação continuada para os coordenadores pedagógicos, deve-se investir na qualidade dos conteúdos



Características do bom coordenador. Ilustração: Mario Kanno
Características do bom coordenadorSegundo quem está na função, para desempenhar bem seu papel, o que é necessário ter
Eles parecem não ter muita consciência disso, mas o quadro é de falta de preparo para o exercício da função. Metade dos entrevistados na pesquisa com coordenadores pedagógicos acredita que o ensino superior garantiu capacitação para o desempenho desse papel e 67% declaram já ter feito cursos de 40 horas ou mais oferecidos a quem ocupa esse posto. Isso, porém, não significa que eles estejam habilitados a cumprir suas tarefas. "Não existem programas que capacitem esse profissional a ser o formador de professores, o articulador do projeto político-pedagógico e o transformador da escola", afirma Vera Trevisan de Souza, docente pesquisadora do programa de pós-graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e integrante do grupo de pesquisa Processos de Constituição do Sujeito em Práticas Educativas. "Além disso, na maioria das redes, essa é uma função para a qual um professor experiente é deslocado, e não um cargo concursado, que exige um conjunto de competências."

A pergunta que fica é: afinal, por que falta capacitação se esse é o primeiro pré-requisito citado pelos próprios coordenadores para ter um bom desempenho profissional (veja o gráfico acima)? Ocorre que nem o curso de graduação (em geral, Pedagogia) nem a experiência docente (que a maioria tem) garantem um bom preparo. E, depois da estreia na função, quase não há oferta de formação. Para 64% dos pesquisados, a Secretaria de Educação deveria se responsabilizar por seu aperfeiçoamento, apesar de apenas 38% dizerem que esse cenário é a realidade. "É comum as Secretarias convocarem para as mesmas oficinas oferecidas aos docentes", diz Eliane Gorgueira Bruno, doutora em Psicologia da Educação, da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC).

A formação em serviço não pode se limitar a cursos esporádicos. Ela só fica completa quando há a orientação presencial constante de um supervisor e permite a troca de experiência com os pares. Cybele Amado, coordenadora do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep), responsável pela formação dos gestores escolares de 24 municípios da Chapada Diamantina, na Bahia, defende que o ideal é que, além de firmar parcerias com universidades e organizações não governamentais, as Secretarias de Educação tenham supervisores técnicos e cada um cuide de um grupo de coordenadores. Esse é um modo eficiente de identificar necessidades de conhecimento específicas e combiná-las aos saberes essenciais a todos que estão na função.
Registro e reflexão
Foto: Valter Pontes
Marilda (à esq.) e Leila (à dir.)
"Os profissionais que orientávamos mostravam dificuldade em acompanhar o que os docentes haviam aprendido com a formação na escola e no que ainda precisavam melhorar. Por isso, abordamos os registros das práticas em sala de aula como material para a reflexão. Fizemos um seminário e uma experiência piloto de dois meses em que cada coordenador trabalhou com dois professores."
Marilda Ramos, formadora de coordenadores pedagógicos do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa em Wagner, a 388 quilômetros de Salvador

"Eu não tinha noção de quantos registros são gerados no dia a dia antes da formação sobre escritas profissionais. Achava que documentar era só escrever relatórios enormes. Mas os planos de aula dos docentes, a caderneta de chamada e a produção dos alunos também são registros da prática. Vi que analisá-los é um importante instrumento para avaliar o ensino e o aprendizado."

Leila Soares Santana, coordenadora do Ensino Fundamental II na EM Cachoeirinha e na EM São Sebastião de Utinga, em Wagner
Planejar é preciso
Foto: Macus Desimoni/Ag. Nitro
Eduarda (à esq.) e Kátia (à dir.)
"Visitando as escolas, notei que os professores identificavam as dificuldades dos alunos, porém não conseguiam desenvolver planos de aula que os fizessem avançar e os coordenadores não sabiam como ajudá-los. Decidi explorar o planejamento de atividades na formação. Eles precisavam entender a importância de ter rotinas e receber orientação sobre como criar estratégias eficientes."

Eduarda Diniz Mayrink, formadora de coordenadores da Secretaria Municipal de Educação de Rio Piracicaba, a 130 quilômetros de Belo Horizonte

"Depois da formação, iniciei um trabalho para que os professores percebam a importância de seguir rotinas, ou seja, ter um plano e cumprir o programado. Após discutir o tema com o grupo, passei a elaborar junto com os docentes o planejamento das rotinas a seguir em sala de aula. Foi assim por dois anos, até que cada um começou a planejar sozinho."
Kátia Adriana Saltori, coordenadora pedagógica de Educação Infantil e do Ensino Fundamental I de cinco escolas rurais de Rio Piracicaba
Parâmetros para avaliar
Foto: Rodrigo Erib
Lílian (à esq.) e Keilly (à dir.)
"Trabalhava diretamente com os docentes da rede e notei que os assessores pedagógicos (nome da função no município) não sabiam orientar os professores de Educação Física. Por isso, preparei uma formação só nessa área. Detalhei o planejamento da disciplina e dei um roteiro para que conseguissem avaliar as aulas e intervir. Agora visito as escolas apenas para acompanhar o trabalho."
Lílian Rolim Correira, assistente pedagógica de Educação Física da Secretaria de Municipal Educação de Cajamar, na Grande São Paulo

"Antes, o professor de Educação Física da escola apresentava seu planejamento semestral e eu só avaliava se estava condizente com os parâmetros da rede. Sem conhecimentos sobre a área, me sentia insegura para examinar o conteúdo e as didáticas. Na formação, aprendi a avaliar os planos de aula. Agora, faço uma boa parceria com o docente da disciplina e sempre sugiro melhorias."

Keilly Molico Feitosa dos Reis, assessora pedagógica de Educação Infantil na EMEB Jailson Silveira Leite, em Cajamarliderança nas escolas

PARA A EDUCADORA PARANAENSE, SOMENTE UMA ESCOLA BEM DIRIGIDA OBTÉM BONS RESULTADOS

HELOÍSA LÜCK. Foto: Marcelo Almeida
HELOÍSA LÜCK.  "A escola deve ser uma comunidade de aprendizagem também em liderança, tendo em vista a natureza do trabalho educacional."
A escola é uma organização que sempre precisou mostrar resultados - o aprendizado dos alunos. Porém nem sempre eles são positivos. Para evitar desperdício de esforços e fazer com que os objetivos sejam atingidos ano após ano, sabe-se que é necessária a presença de gestores que atuem como líderes, capazes de implementar ações direcionadas para esse foco. A concepção de que a liderança é primordial no trabalho escolar começou a tomar corpo na segunda metade da década de 1990, com a universalização do ensino público. A formação e a atuação de líderes, até então restritas aos ambientes empresariais, foram adotadas pela Educação e passaram a ser palavra de ordem para enfrentar os desafios.

Na comunidade escolar, é recomendável que essa liderança seja exercida pelo diretor. Mas a educadora paranaense Heloísa Lück, diretora educacional do Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado (Cedhap), em Curitiba, e consultora do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), vai além. Ela defende o estímulo à gestão compartilhada em diferentes âmbitos da organização escolar. Onde isso ocorre, diz ela, nasce um ambiente favorável ao trabalho educacional, que valoriza os diferentes talentos e faz com que todos compreendam seu papel na organização e assumam novas responsabilidades.
Doutora em Educação pela Universidade Columbia e pós-doutora em Pesquisa e Ensino Superior pela Universidade George Washington, ambas nos Estados Unidos, Heloísa falou a NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR sobre as ações necessárias para o exercício da liderança. Segundo ela, o primeiro passo é tornar claros os objetivos educacionais da escola. Só assim as expectativas dos profissionais com relação à Educação permanecem elevadas, contribuindo para a construção do que ela chama de "comunidade social de aprendizagem".

Quando o conceito de liderança, antes restrito ao âmbito empresarial, migrou para a Educação? 
HELOÍSA LÜCK Há algumas décadas, o ensino público era destinado a poucos e orientado por um sistema administrativo centralizador. Nesse modelo, a qualidade era garantida com mecanismos de controle e cobrança. A sociedade mudou e passou a exigir a Educação para todos. Com isso, o ser humano se tornou o elemento-chave no desenvolvimento das organizações educacionais, tanto como alvo do trabalho educativo como na condução de processos eficientes e bem-sucedidos.
É nesse contexto que surgiu a necessidade de haver uma ou mais pessoas para dirigir as ações que encaminham a escola para a direção desejada.

Como diferenciar uma escola que conta com essas pessoas de outra que não tem? 
HELOÍSA É fácil perceber isso. Onde não existe liderança, o ritmo de trabalho é frouxo e não há a mobilização para alcançar objetivos de aprendizagem e sociais satisfatórios. As decisões são orientadas basicamente pelo corporativismo e por interesses pessoais. Geralmente, são instituições cujos estudantes apresentam baixo desempenho. Além dessas características, há outras menos visíveis, mas que têm grande impacto. Uma estrutura de gestão debilitada contribui para a formação de pessoas indiferentes em relação à sociedade. É alarmante observar como os apelos destrutivos estão cada vez mais fortes, com os jovens se envolvendo em arruaças e gangues e usando drogas. Isso se dá pela absoluta falta de modelos. A escola deveria oferecê-los, pois é a primeira organização formal, depois da família, que as crianças conhecem. Sem a canalização de esforços para que a aprendizagem ocorra e haja melhoria e desenvolvimento contínuos, o ambiente escolar se torna deseducativo.

É possível aprender a liderar?
HELOÍSA Com certeza. Existem indivíduos que despontam naturalmente para exercer esse papel e certamente o farão se o ambiente favorecer. Mas mesmo eles precisam de orientação para empregar essa habilidade e toda a energia em nome do bem coletivo. Trata-se de um exercício associado à consciência de responsabilidade social. Onde a gestão é democrática e participativa, há a oportunidade de desenvolver essa característica em diversos agentes. Somente governos e organizações autoritários e centralizadores não permitem isso. E a escola, é claro, não deve ser assim.

Quais são as principais características de um líder? HELOÍSA Geralmente, é uma pessoa empreendedora, que se empenha em manter o entusiasmo da equipe e tem autocontrole e determinação, sem deixar de ser f lexível. É importante também que conheça os fundamentos da Educação e seus processos - pois é desse conhecimento que virá sua autoridade -, que compreenda o comportamento humano e seja ciente das motivações, dos interesses e das competências do grupo ao qual pertence. Ele também aceita os novos desafios com disponibilidade, o que influencia positivamente a equipe.

Que questões do cotidiano costumam assustar o gestor que é líder de sua comunidade? 
HELOÍSA Os dirigentes que desenvolveram as competências de liderança nunca se deixam paralisar diante dos desafios. Os que não as têm, contudo, se sentem imobilizados diante de pessoas que resistem às mudanças, sobretudo aquelas que manifestam de forma mais veemente seu incômodo com situações que causam desconforto. Em vez de colocar energia em atividades burocráticas e administrativas, fazendo fracassar os propósitos de criação de uma comunidade de aprendizagem, cabe aos gestores - e a todos os educadores, na verdade - promover o entendimento de que as adversidades são inerentes ao processo educacional. O enfrentamento delas implica o desenvolvimento da compreensão sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o modo como o desempenho individual e coletivo afeta as ações da organização.

O diretor deve ser o principal orientador das diretrizes da escola? HELOÍSA Sim. Mas, apesar disso, essa atuação não deve ser exclusividade dele. A escola precisa trabalhar para se tornar ela própria uma comunidade social de aprendizagem também no quesito liderança, tendo em vista que a natureza do trabalho educacional e os novos paradigmas organizacionais exigem essa habilidade. Para que isso aconteça, é primordial a atuação de inúmeras pessoas, mediante a prática da coliderança e da gestão compartilhada. Em vista disso, atuar como mentor do desenvolvimento de novas lideranças na escola é uma das habilidades fundamentais para um diretor eficiente.

Como funciona uma gestão escolar compartilhada?
HELOÍSA Podemos falar em níveis ou abrangências. Num primeiro nível, ela se circunscreve à equipe central, geralmente formada pelo diretor, o vice ou o assistente de direção, o coordenador ou o supervisor pedagógico e o orientador educacional. Nesse âmbito, é necessário praticar a coliderança, ou seja, uma liderança exercida em conjunto e com responsabilidade sobre os resultados da escola. Para isso, é importante haver um entendimento contínuo entre esses profissionais. Num sentido mais amplo, a gestão compartilhada envolve professores, alunos, funcionários e pais de alunos. É uma maneira mais aberta de dirigir a instituição. Para isso funcionar, é preciso que todos os envolvidos assumam e compartilhem responsabilidades nas múltiplas áreas de atuação da escola. Num contexto como esse, as pessoas têm liberdade de atuar e intervir e, por isso, se sentem à vontade para criar e propor soluções para os diversos problemas que surgem, sempre no intuito de atingir os objetivos da organização. Estimula-se assim a proatividade.

O que é uma escola proativa?
HELOÍSA A proatividade corresponde a uma percepção de si próprio como agente capaz de iniciativas e, ao mesmo tempo, responsável pelo encaminhamento das condições vivenciadas. Uma escola pró-ativa é aquela que age com criatividade diante dos obstáculos, desenvolvendo projetos específicos para as comunidades em que atua, de modo a ir além da proposta sugerida pelas secretarias de Educação. O contrário da pró-atividade é a reatividade, que está associada à busca de justificativas para as limitações de nossas ações e de resultados ineficazes.

A liderança também pode ser desenvolvida nos alunos?
HELOÍSA A liderança é inerente à dinâmica que envolve ensino e aprendizagem. Afinal, no jogo da Educação, os protagonistas são os estudantes. Além de oferecer ensino de qualidade, é obrigação da escola fazer com que eles se sintam parte integrante do processo educacional e participantes de uma comunidade de aprendizagem, o que só se consegue com uma metodologia participativa, sempre sob a orientação do professor. Os jovens sempre se mostram colaboradores extraordinários nas escolas em que lhes é dada essa oportunidade, podendo assumir papéis importantes inclusive na gestão e na manutenção do patrimônio escolar, nas relações da família com a escola e dessa com a comunidade.

A equipe de gestão escolar, então, deve sempre ser orientada por princípios democráticos?
HELOÍSA A liderança pressupõe a aceitação das pessoas com relação a uma influência exercida. Ela corresponde, portanto, a uma prática que depende muito da democracia para ser bem-sucedida. O diretor que faz com que os professores cheguem às aulas no horário, pois do contrário sofrerão descontos, influencia o comportamento deles no âmbito administrativo. Contudo, no momento em que ele deixa de impor a pena, tudo volta à condição inicial. Já o gestor que leva a equipe a compreender como a pontualidade contribui para a melhoria do trabalho alcança resultados perenes, que são incorporados naturalmente.

Certamente, atitudes autoritárias não cabem em relações de trabalho assim estabelecidas. 
HELOÍSA É importante destacar a diferença entre ter autoridade e ser autoritário. Todo profissional deve ter autoridade para o exercício de suas responsabilidades. E em nenhuma profissão ela é conseguida pelo cargo, mas pela competência. Já o autoritarismo é constituído pelo comando com base na posição ocupada pela pessoa que, não tendo a devida competência, determina e obriga o cumprimento de tarefas sem fazer com que os envolvidos compreendam adequadamente os processos e as implicações envolvidos na realização do trabalho. Quando identifica essa situação, a tendência da equipe é passar a agir sem comprometimento, gerando um ambiente de trabalho proforma, cujos resultados são sempre menos efetivos do que poderiam ser.

O diretor pode ser avaliado por seus pares para saber se está fazendo uma boa gestão? 
HELOÍSA Nenhuma ação desenvolvida na escola está isenta de avaliação, que é a base para a definição de planos de ação e de programas de formação em serviço. É importante destacar, no entanto, que não são as pessoas que são avaliadas, mas o desempenho delas, que é circunstancial e mutável. A liderança é situacional e, por isso, é essencial desenvolver instrumentos específicos para cada contexto a ser avaliado. Para que o processo se efetive, portanto, é interssante que as fichas de avaliação da liderança sejam preenchidas por todos os membros da comunidade escolar - professores, alunos, pais e demais funcionários.

Como dirigir uma escola para que ela melhore continuamente?
HELOÍSA O segredo é nunca ficar satisfeito com o que já foi conseguido. A satisfação leva à acomodação, o que deixa o gestor impossibilitado de perceber perspectivas para alcançar novos patamares. É muito comum ouvir diretores dizendo, em cursos de formação, "isso eu já faço" ou "isso a minha escola já tem". Fica evidente que, contente com a situação posta, vai ser difícil ele se mobilizar para qualquer mudança. É preciso ter cuidado, pois os processos educacionais são complexos e sempre há desdobramentos novos a desenvolver. Resultados e competências podem sempre melhorar.


Entrevista retirado do site da Revista Nova Escola
http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/toda-forca-lider-448526.shtml

LIDERANÇA EM GESTÃO ESCOLAR



Os desafios do coordenador pedagógico

Mais do que resolver problemas de emergência e explicar as dificuldades de relacionamento ou aprendizagem dos alunos, seu papel é ajudar na formação dos professores

 

SILVANA AUGUSTO . Foto: Gustavo Lourenção
SILVANA AUGUSTO   "O coordenadorcentraliza as conquistas do grupo e assegura que as boas idéias tenhamcontinuidade." Foto: Gustavo Lourenção
Muito se tem falado sobre o papel do coordenador pedagógico. Afinal, por que ele é necessário? Quem dera coordenar fosse simples como diz o dicionário: dispor segundo certa ordem e método; organizar; arranjar; ligar.
O coordenador pedagógico, muito antes de ganhar esse status, já povoava o imaginário da escola sob as mais estranhas caricaturas. Às vezes, atuava como fiscal, alguém que checava o que ocorria em sala de aula e normatizava o que podia ou não ser feito. Pouco sabia de ensino e não conhecia os reais problemas da sala de aula e da instituição. Obviamente, não era bem aceito na sala dos professores como alguém confiável para compartilhar experiências.
Outra imagem recorrente desse velho coordenador é a de atendente. Sem um campo específico de atuação, responde às emergências, apaga focos de incêndios e apazigua os ânimos de professores, alunos e pais. Engolido pelo cotidiano, não consegue construir uma experiência no campo pedagógico. Em ocasiões esporádicas, ele explica as causas da agressividade de uma criança ou as dificuldades de aprendizagem de uma turma. Hoje o coordenador organiza eventos, orienta os pais sobre a aprendizagem dos filhos e informa a comunidade sobre os feitos da escola.
Mas isso é muito pouco. Na verdade, ele se faz cada vez mais necessário porque professores e alunos não se bastam. Além das histórias individuais que todos escrevemos, é preciso construir histórias institucionais. É duro constatar a fragilidade de tantas escolas que montam um currículo e uma prática efetiva durante anos e perdem tudo com a transferência ou a aposentadoria de professores. Construir história nos torna humanos, e é de estranhar que, justamente na escola, tantas vezes tudo recomece do zero. O coordenador eficiente centraliza as conquistas do grupo de professores e assegura que as boas idéias tenham continuidade.
Além do que se passa dentro das quatro paredes da sala de aula, há muito mais a aprender no convívio do coletivo - no parque, no refeitório, na rua, na comunidade. A dinâmica nesses espaços deve ser ritmada pelo coordenador. É preciso lembrar ainda que só quem não está em classe, imerso naquela realidade, é capaz de estranhar. E isso é ótimo! É do estranhamento que surgem bons problemas, o que é muito mais importante do que quando as respostas aparecem prontas.
Só assim é possível que o coordenador efetivamente forme professores (e esse é o seu papel primordial). Ampliando a significação do dicionário, eu diria que no dia-a-dia de uma instituição educativa é preciso:
- dispor segundo certa ordem e método as ações que colaboram para o fortalecimento das relações entre a cultura e a escola;
- organizar o produto da reflexão dos professores, do planejamento, dos planos de ensino e da avaliação da prática;
- arranjar as rotinas pedagógicas de acordo com os desejos e as necessidades de todos; e ligar e interligar pessoas, ampliando os ambientes de aprendizagem.
Esse é o sentido de ser um bom coordenador, não de uma instituição, mas de processos de aprendizagem e de desenvolvimento tão complexos como os que temos nas escolas. Que os que desejam se responsabilizar por essa importante função vejam aqui um convite para criar um estilo de coordenar.

 


Coordenador pedagógico: um profissional em busca de identidade

Pesquisa da FVC conclui que a formação de professores começa a ser o foco da atuação do coordenador, mas ele ainda sofre com a falta de apoio

Foto: Omar Paixão
Em algumas redes de ensino, ele é chamado de orientador, supervisor ou, simplesmente, pedagogo. Em outras, de coordenador pedagógico, que é como GESTÃO ESCOLAR sempre se refere ao profissional responsável pela formação da equipe docente nas escolas. Nas unidades que contam com sua presença, ele faz parte da equipe gestora e é o braço direito do diretor. Num passado não muito remoto, essa figura nem sequer existia. Começou a aparecer nos quadros das Secretarias de Educação quando os responsáveis pelas políticas públicas perceberam que a aprendizagem dos alunos depende diretamente da maneira como o professor ensina.

Diante desse cenário, a Fundação Victor Civita (FVC) decidiu descobrir quem é e o que pensa esse personagem relativamente novo no cenário educacional brasileiro, escolhendo-o como tema de uma pesquisa intitulada O Coordenador Pedagógico e a Formação Continuada de Professores: Intenções, Tensões e Contradições. Realizado pela Fundação Carlos Chagas (FCC), sob a supervisão de Cláudia Davis, o estudo teve a coordenação de Vera Maria Nigro de Souza Placco e de Laurinda Ramalho de Almeida, ambas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e de Vera Lúcia Trevisan de Souza, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Graças a ela, fizemos esta edição especial, com reportagens e seções tratando de temas relativos à coordenação pedagógica.

Uma das principais conclusões da pesquisa é que, apesar de ser um educador com experiência, inclusive na função (saiba mais sobre o perfil desse profissional no quadro abaixo), ainda lhe faltam identidade e segurança para realizar um bom trabalho. Ele se sente muito importante no processo educacional, mas não sabe ao certo como agir na escola frente às demandas e mostra isso por meio de algumas contradições: ao mesmo tempo em que afirma que sua atuação pode contribuir para o aprendizado dos alunos e para a melhoria do trabalho dos professores, não percebe quanto isso faz diferença nos resultados finais da aprendizagem (veja mais no quadro da próxima página). "A identidade profissional se constrói nas relações de trabalho. Ela se constitui na soma da imagem que o profissional tem de si mesmo, das tarefas que toma para si no dia a dia e das expectativas que as outras pessoas com as quais se relaciona têm acerca de seu desempenho", afirma Vera Placco.
Quem são os coordenadores pedagógicos no BrasilUm resumo das características do profissional que atua nessa função

90% são mulheres

88% já deram aula na Educação Básica

76% têm entre 36 e 55 anos 

A maioria tem mais de 5 anos de experiência na função
Quem são os coordenadores pedagógicos no Brasil


Dia a dia atribulado e legislação confusa contribuem para atuação sem foco

Analisando cada um dos elementos dessa somatória, percebe-se que, no quesito tarefas, a rotina desse educador é uma bagunça: 72% costumam acompanhar a entrada e a saída dos alunos diariamente, 55% conferem se as classes estão organizadas e limpas, 50% atendem todos os dias telefonemas de pais e de outras pessoas que procuram a escola (e 70% acreditam que isso é adequado) e 19% assumem alguma classe pelo menos uma vez por semana quando falta um professor. No meio disso tudo, temos ainda 9% que admitem não desempenhar nenhuma atividade regular relativa à formação de professores e 26% que se ressentem por não dispor de tempo suficiente para se dedicar à elaboração ou à revisão periódica do projeto político-pedagógico (PPP).

Quando se analisa a expectativa que a direção, a equipe docente e a comunidade têm dele, percebe-se a diversidade de posições: os diretores esperam que o coordenador pedagógico cumpra bem todas as determinações vindas da Secretaria de Educação; os professores, que ela seja um apoio nas dificuldades em sala de aula; e os pais, por sua vez, anseiam ser bem atendidos - ao mesmo tempo em que não sabem muito bem quais são suas funções (na verdade, o atendimento aos pais deveria ser feito pelo orientador educacional, quando há esse profissional na escola, ou pelo diretor, em horários previamente definidos).

Há também as atribuições legais, que poderiam ajudar na definição do papel do coordenador. Contudo, pela leitura atenta feita pelos pesquisadores das regulamentações de cinco Secretarias Estaduais, elas só acrescentam mais confusão ao quadro: das 256 funções listadas para o cargo, apenas 20% são explicitamente formativas.
Como os coordenadores pedagógicos se veemPorcentagem de profissionais que se se acham importantes para:

A aprendizagem dos alunos: 95%

O trabalho pedagógico dos professores: 100%


Porém, quando se compara com outros agentes, ele se coloca na sexta posição em importância:
Como os coordenadores pedagógicos se veem

Problemas envolvem desde infraestrutura até falta de tempo

Ao ser indagado sobre as questões que mais atrapalham sua rotina, o coordenador lista uma série delas. A infraestrutura é a que mais incomoda e o excesso de atribuições é, muitas vezes, citado como justificativa para não fazer o que deve - a formação de professores.

Dificuldades com a equipe? Sim, elas existem para 31% dos entrevistados, que não sabem como fazer o professor desmotivado trabalhar, não conseguem ajudá-lo a cumprir as metas e ainda afirmam não saber como se firmar como líder dos docentes e exercer sua autoridade perante os colegas.

É claro que todos esses dilemas poderiam ser resolvidos se o coordenador pedagógico tivesse uma boa formação para exercer o cargo: 96% garantem que a graduação foi boa ou excelente e, em média, os entrevistados já frequentaram 6,3 cursos específicos (21% em gestão escolar e 18% em outras áreas do conhecimento). Fica a dúvida: se esse profissional, segundo a própria avaliação, teve ou está tendo orientação para executar bem seu trabalho, por que não consegue focar a sua atuação na principal atribuição? A conclusão da pesquisa é que a falta de identidade profissional, já citada no início, e o fato de ser tão solicitado, por todos, para fazer de tudo na escola o levam a sentir-se importante, mas sem perceber o quanto isso o afasta de ser um bom formador de professores.
Nas leis, muitas tarefasNada menos do que 256 atribuições para o coordenador pedagógico foram encontradas nos regimentos de cinco Secretarias Estaduais. Dessas:
Nas leis, muitas tarefas

Supervisão insuficiente da rede sobre o trabalho do formador

Outro estudo realizado pela FVC também no ano passado ajuda a entender melhor essa realidade do coordenador. Exclusivamente qualitativo, ele procurou conhecer as práticas formativas das redes públicas de ensino. A pesquisa, denominada A Formação Continuada de Professores no Brasil: Uma Análise das Modalidades e Práticas, obteve respostas de 19 Secretarias de Educação - seis estaduais e 13 municipais - das cinco regiões do país. Em todos os casos, foram feitas entrevistas com o secretário de Educação (ou seu representante), com o coordenador da formação continuada na rede e com o responsável por um projeto em andamento. Concluiu-se que, apesar de todos os esforços para que a formação em serviço ocorra com mais frequência e seja focada na necessidade dos professores em sala de aula, há a carência de programas voltados especificamente para aprimorar a prática do coordenador pedagógico.

"Falta suporte adequado para que ele possa efetivamente exercer o papel de articulador das ações formativas de caráter colaborativo na escola", afirma Cláudia Davis, que, com Marina Muniz Rossa Nunes e Patrícia Cristina Albieri de Almeida, todas da FCC, também supervisionou essa pesquisa. Uma das secretarias que empreendeu esforços - em termos de lei e de infraestrurura - para valorizar a função do coordenador foi a de Governador Valadares, em Minas Gerais (como mostra a reportagem).

Para completar esta edição especial sobre o coordenador pedagógico, encomendamos à educadora uruguaiaDenise Vaillant um artigo, no qual ela discorre sobre a formação continuada de professores na América Latina - que pode ajudar a traçar um panorama do que dá certo e do que deixa a desejar em termos de políticas públicas nessa área.

Esperamos que esse material contribua para a escola discutir internamente como aproveitar melhor a figura do coordenador pedagógico a fim de melhorar a qualidade da prática dos professores. E ainda para que as redes estaduais e municipais, com os dados colhidos na pesquisa, planejem maneiras de atender melhor esse profissional, que cada vez mais se mostra peça-chave na aprendizagem dos alunos.
Metodologia da pesquisa
O estudo O Coordenador Pedagógico e a Formação dos Professores: Intenções, Tensões e Contradições, que contou com o apoio do Itaú BBA, do Instituto Unibanco e da Fundação Itaú Social, foi feito em 2010 e 2011. Na fase quantitativa, os pesquisadores entrevistaram por telefone 400 coordenadores de 13 capitais brasileiras. Já a qualitativa envolveu entrevistas pessoais mais aprofundadas com 20 coordenadores das cinco regiões do país, os diretores das unidades de ensino onde estão locados e 40 professores.

 


Como o coordenador pedagógico pode ajudar na formação de professores especialistas?

 

DOMINAR O CONTEÚDO DA DISCIPLINA E CONHECER AS MELHORES FORMAS DE ENSINÁ-LO PARA A TURMA SÃO SABERES DIFERENTES. É O QUE AFIRMA NESTE VÍDEO DÉBORA RANA, FORMADORA DO INSTITUTO AVISA LÁ E COORDENADORA DA ESCOLA PROJETO VIDA.

O coordenador pedagógico é o educador responsável pela formação continuada dos professores dentro do ambiente escolar. Mas como lidar com um corpo docente de especialistas em áreas das quais não se tem o domínio? Débora explica no vídeo que é papel do formador articular a didática proposta pela escola e o conteúdo do currículo. "Ajudar o professor a pensar como organizar, propor e encaminhar o conteúdo que ele sabe junto aos alunos. (...) O que sustenta isso é a concepção de ensino e aprendizagem que a escola tem", diz.


Redes Sociais e a Escola


Escola e mídia. Duas instituições que estão cada vez mais próximas e, ao mesmo tempo, distantes. Embora não faltem teorias, estudos e cursos que defendam o trabalho conjunto entre elas, a interface não é das melhores. Muitas escolas ainda não sabem lidar com os meios de comunicação, cada vez mais presentes, influentes e ao alcance de crianças desde a Educação Infantil.


Quais são os desafios para aliar tecnologia à educação?



O Uso Da Tecnologia Na Educação Especial

Robson Carlos Lima*
Resumo.Nos dias atuais a importância da tecnologia na área da educação é muito discutida, mas quando falamos de educação especial ela se torna quase obrigatória, uma vez que muitas pessoas dependem desse meio para ter acesso ao aprendizado e adquirir as competências básicas que são de direito de todo cidadão. Aliar tecnologia à educação especial é garantir o direito de acesso ao conhecimento, dando ao indivíduo uma chance de mostrar seu potencial como qualquer cidadão considerado 'normal' perante a sociedade.
Palavras-chave: Tecnologias, educação especial, avanço tecnológico, inclusão digital.
Abstract.Nowadays the importance oftechnology in the educacional area is very discussed, but when we talk about special education it becomes almost obligatory,when we say that many people depends on this way to have an access to learn andbasical competences. To allow tecnology for special education is garantee the right of access to the knowledge, giving to every person the chance to show his/her potenciallike any citizen considered normal to the society.
Keywords:Technologies, special education, technological advance,digital inclusion.

1.Introdução
Hoje em dia muito se tem falado sobre Educação Especial, Inclusão Digital e outros termos que fazem do computador importante ferramenta de auxílio no aprendizado de muitas pessoas com necessidades especiais. Essa ferramenta desde que bem utilizada poderá trazer evoluções consideráveis. O uso desta nova tecnologia nas escolas constitui-se um verdadeiro laboratório, onde se desenvolvem experiências e observam-se reações e resultados. De acordo com Dr. Jorge Márcio Pereira de Andrade "No campo da Educação Especial quando falamos de 'inovações' estamos apenas apontando o que de ferramentas visíveis estão em uso junto ao educando com necessidades especiais" [1]. Não percebemos, muitas vezes, que atrás de tudo isso possui também outros tipos de tecnologias e aparatos tecnológicos que auxiliam o educando no processo de aprendizagem. Alguns métodos utilizados na transmissão de conhecimento, obviamente nunca serão deixados de lado, como antigos inventos encontramos a lousa, o giz, o apagador. Mais para muitas pessoas utilizar métodos como esses citados, torna-se extremamente impossível, pois possuem necessidades que apenas a tecnologia de ponta poderá auxiliar, sendo assim a introdução do computador e ou da tecnologia da informação na sala de aula para Educação Especial tornou-se uma saída tecnologicamente necessária. A idéia de resolver esse 'problema' dando ao aluno o direito de participar, de aprender e ter uma convivência educacional como qualquer outra pessoa, fez com que muitos órgãos e empresas de Tecnologias da Informação investissem em estudo e desenvolvimento de programas de assistência às pessoas especiais. Vemos que a preocupação em ensinar e aprender, é cada vez mais crescente, com esse empenho poderemos quebrar todas as barreiras, levando educação e conhecimento para todos, não importando o grau de necessidade especial, mais sim a constante "sede" de aprender.
2. Estudantes Especiais
Muitos cuidados são tidos com pessoas portadoras de necessidades especiais (temporários ou passageiros) entre eles destacam-se: a preparação de docentes para que possam compreender e assim transmitir o conhecimento de forma mais natural; e o investimento em tecnologia especializada, aliando dessa forma o ser humano e a máquina para juntos desenvolverem trabalhos e estudos quebrando barreiras até então encontradas. Na realidade encontram-se também alguns alunos que necessitam de um atendimento especial, mais de um outro nível ou uma outra forma. Existem os estudantes considerados normais perante uma sociedade que ostenta um "padrão" intelectual. Dentro desse universo "padronizado" há os que não se enquadram perfeitamente nessa denominação, que são os chamados alunos especiais. Mais a expressão "ter um aluno especial" não quer dizer necessariamente que seja uma pessoa deficiente física, ou mental. Existem então os alunos considerados lentos (vagarosos) e os considerados rápidos (dotados), o atendimento adotado a esses alunos, em especial, muitas vezes são repelidos pelo público e apontados como "antidemocrático" [2], mais esse apontamento já não acontece com os deficientes físicos, pois a sociedade normalmente acredita naquilo que vê, no que algo físico, sendo assim não compreende muitas vezes uma criança ou um adulto que possui leve insuficiência auditiva ou baixo poder de assimilar conhecimentos. Diante desta realidade os desenvolvedores de tecnologia devem estar atentos para que todas as pessoas especiais por leves que sejam seus problemas - sejam atendidas, e com isso trazendo e mostrando à sociedade uma forma justa de colaboração, eliminando todo tipo de discriminação que possa ser gerado dentro do grupo.
3. O computador na sala de aula
A importância da tecnologia aliada ao ensino seja presencial, seja à distância, é inquestionável, uma vez que auxilia muito no processo ensinar-aprender. Quando falamos em educação especial e em deficiência física, essa afirmação torna-se ainda mais importante e necessária, visto que grande parte das pessoas portadoras de deficiências dependem da tecnologia para poderem realizar suas tarefas. A palavra Inclusão Digital nunca foi tão citada como hoje em dia. Governos e Organizações Não Governamentais estão cada vez mais empenhados em distribuir oportunidades de acesso à tecnologia. Mas não nos iludamos, pois embora estejam empenhados, essa é uma luta constante e trabalhosa. Vale lembrar também que não é o uso do computador que fará que todos os objetivos almejados sejam alcançados, é antes de tudo uma postura educacional. É o profissional do ensino trabalhando como um facilitador e criador de condições para que esses objetivos sejam alcançados. Outro fator vem à tona então: o educador.
Então além de termos computadores de última geração, softwares capazes de tornar o ensino especial mais prático e didático, é necessário um material humano devidamente preparado para operá-lo e dar o suporte necessário ao educando especial.
O mesmo deverá receber também uma constante reciclagem para que suas habilidades estejam sempre à disposição da melhor forma possível ao educando. Não esquecendo, é claro, da reciclagem que além da atualização tecnológica serviria também como uma injeção de ânimo e motivação para que o educador esteja sempre apto a desenvolver sua função da melhor forma possível.
Diante desses fatores podemos observar alguns objetivos a serem alcançados com o uso do computador na sala de aula:
-Aumentar a auto-estima e autonomia do educando;
-Fazer com que ele experimente o sucesso;
-Mostrar que com o erro é uma etapa necessária para o aprendizado;
-Auxiliar o desenvolvimento cognitivo;
-Acompanhar o aprendizado respeitando os limites de cada educando;
-Demonstrar a importância do trabalho coletivo
-Desenvolver linguagem, leitura, raciocínio e atitudes
Vale ressaltar que esses objetivos foram elaborados sob um referencial psicopedagógico, onde analisa o educando de uma forma global em suas múltiplas facetas [3].
4. Mais tecnologia, menos limites
Com o grande avanço da Tecnologia, as barreiras que delimitam espaços geográficos e também limites físicos estão sendo quebrados e deixados para trás. O ser humano seja trabalhando ou estudando, está tendo um novo conceito sobre limites. O ensino à distância é um exemplo claro do avanço tecnológico. Videoconferências são comuns hoje em dia em escolas (para professores), empresas e outros locais que necessitem de reuniões dinâmicas, rápidas e com grande participação dos membros (que antes não seria possível pela distância). Se não fosse esse aparato tecnológico nossa realidade hoje, seria diferente. Temos consciência, é obvio, que ninguém vive (ainda) num mundo dominado pela tecnologia, como naquele desenho da família Jetson [4], onde basta pedir algo para um robô que ele atende. Nosso mundo é de pessoas que buscam a cada dia encurtar as distâncias, e quebrar os limites. O mais importante é que não são quebradas apenas as barreiras geográficas e as barreiras que existem entre uma pessoa deficiente e o aprendizado especial, mas também as barreiras de preconceito. A Tecnologia definitivamente pode ajudar muito no processo de aprendizado, pois dá condições necessárias para o educando. A internet também soma como um fator positivo na 'distribuição de conhecimentos', uma vez que pode ser acessada de qualquer ponto a qualquer hora. Ronaldo Correa Jr., de Recife, diz em seu site que "a Internet é o único espaço em que a minha normalidade é evidente. Lá eu posso ser eu mesmo, independentemente do que meu corpo é capaz de fazer. Ter acesso ao mundo todo pela tela do computador melhorou muitíssimo minha qualidade de vida..." [5]. Com paralisia cerebral e quadriplegia Ronaldo mantém contato com seus amigos digitando textos com os dedos dos pés e também aproveita para estudar por conta própria muitas matérias. Esse é um exemplo real de como as barreiras podem ser quebradas com o avanço tecnológico.
Podemos concluir que diante dos fatos do dia a dia, o uso da Tecnologia na Educação Especial é além de importante, necessário. Investir em estudos ou projetos nessa área é antes de tudo garantir que o direito básico à educação seja cumprido, sem nenhum tipo de discriminação, como diz o Artigo XXVI da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "1. Todo homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito[...]"[6].
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se afirmar que a educação especial e tecnologia podem caminhar lado a lado e rumo ao mesmo objetivo: A inclusão. E que trabalhando com a tecnologia correta para cada caso, pode-se diminuir a exclusão e mostrar ao mundo que não são apenas padrões físicos que devem ser levados em conta, mais sim éticos, morais e intelectuais.
Uma pessoa portadora de deficiência pode realizar muitas tarefas, só que para isso muitas vezes necessitará de uma ferramenta, a tecnologia. Portanto não importa como você faz algo, mais sim o que faz e como supera as dificuldades.
6. REFERÊNCIAS
[1] DEFNET. Disponível em: . Acesso em: 10 de junho de 2006.
[2] SAWREY, J. M. e Telford, C. W. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: AO LIVRO TÉCNICO, 1969.
[3]QUAL A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA?. Disponível em: <http://www.sul-sc.com.br/afolha/pag/eduinfor.htm>. Acesso em: 10 de junho de 2006.
[4] CARTOON NETWORK. Disponível em: . Acesso em 01/07/2006
[5] DEDOS DOS PÉS. Disponível em: . Acesso em: 10 de junho de 2006.
[6] ROCHA, R. e ROTH, O. Declaração Universal dos Direitos Humanos. São Paulo: SALAMANDRA, 2003.
* Discente da FATEC Faculdade de Tecnologia de Ourinhos-SP

retirado de: http://www.webartigos.com/artigos/o-uso-da-tecnologia-na-educacao-especial/1880/

Tecnologia é mal utilizada na educação brasileira


Tecnologia é mal utilizada na educação brasileira

O Brasil não sabe aproveitar os recursos da tecnologia para a melhoria da educação. Esse foi o consenso dos debatedores do “Educar para quê?”, no evento DNA Brasil – 50 Brasileiros Param para Pensar a Vocação do País, realizado em Campos do Jordão, interior paulista, neste final de semana.

Conforme o ex-secretário municipal da Educação de São Paulo, Fernando J. de Almeida, muitas escolas usam o computador e a Internet como um substituto do professor. Também é freqüente a utilização da tecnologia como mero aparelhamento dos estudantes.

“Algumas escolas ensinam o mínimo de informática aos seus alunos para, futuramente, enfrentarem bancos, escritórios e serviços de automação em geral. Isso gera exatamente o que a gente não quer, que é a falta de pensamento, de reflexão. Toda vez que a tecnologia é utilizada com esse sentido de facilitar, poupar, a educação é prejudicada”, afirma.

No entanto, a escola, instituição ou organização não-governamental possuidora de um bom projeto pedagógico, provocador, crítico e dialógico, pode potencializar sua qualidade de ensino com o computador e as tecnologias em geral. A informática, usada de maneira inteligente, é capaz de ampliar o espaço da discussão, registrar erros, conquistas e até revelar o estilo cognitivo de uma classe escolar.

“Esse lado da tecnologia é imensamente bem-vindo. Ele não substitui o professor. Ao contrário. Ele exige um educador melhor, um desequilibrador, um sintetizador, um utopista. O computador vira um instrumento com a qual se pensa, e não um instrumento que pensa por alguém”, ressalta Almeida.

Na opinião do ex-secretário, a tecnologia fará cada vez mais parte da formação educacional. O educador e escritor Rubem Alves concorda e vai mais além. Para ele, daqui a alguns anos, não haverá mais sala de aula em muitas escolas. “Qualquer lugar será lugar de aprender. Não existirá hora, porque o aluno não falará “vou aprender 45 minutos”. Ele entrará na Internet e vai ficar o dia todo se quiser”, aposta.

Mas apesar dos benefícios que a tecnologia pode trazer à educação, grande parte dos debatedores não dispensa o modelo tradicional de ensinar. “A Internet, o computador e aparelhos do gênero podem ajudar muito. Entretanto, nada substitui a imagem do professor, a presença humana”, enfatiza o físico e educador Moyses Nussenzweig.

artigo retirado do sit
http://aprendiz.uol.com.br/content/drovitresh.mmp